Eu costumava ser uma menina toda para dentro, solitária e sonhadora. O meu mundinho interior era imenso, cheio de cores e nuvens fofinhas, ali podia e acontecia tudo. Sempre foi uma coisa minha, criar mundos onde ninguém mais podia entrar e que só eu compreendia.
Desde muito menina que sempre procurava estar mais comigo do que com os outros. Isso não era mais que uma resposta à minha timidez e insegurança. Eu, que me via tão insignificante diante do mundo, não conseguia compreender que os outros, cheios de qualidades viessem um dia a olhar para mim. Mas isso foi mudando, aos poucos e com o tempo.
Embora fruto da minha insegurança e relativa incapacidade de interagir com o mundo real, os mundos que eu criava eram infinitos.
Neles, aprendi a sonhar a realidade e viver dos sonhos. Aprendi a abrir os braços, a confiar no vento, deixar que as palavras e as atitudes me revelem. Nem sempre, porque também é preciso saber esconder-se no mundo real, mas de vez em quando e sempre que não me magoem, pelo menos não muito, porque eu ainda me sinto capaz de suportar alguma coisa. Ali, aprendi a deixar que o tempo passe, a arregaçar as mangas, e mudar o rumo das coisas uma vez ou outra.
A verdade é que a menina que eu um dia fui e os mundos que eu criava para mim nunca se tornaram totalmente passado. Uma parte deles, talvez, mas não a essência.
Essência, essa, que me ensinou que é preciso ver muito mais além do que os olhos conseguem.
1 comentário:
Revejo-me tanto em cada palavra...
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